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Crise faz escolas buscarem saídas para driblar falta de material

A crise financeira chegou ao carnaval carioca fazendo com que muitas escolas tenham que rebolar para driblar a falta de material importado no mercado. À frente da atual campeã do Grupo Especial, o carnavalesco Alexandre Louzada conta que tem perdido noites sem dormir por causa das adaptações que terá que fazer para colocar a Beija-Flor na Avenida.

“Estou tenso para tentar manter o padrão que a Beija-Flor tem mostrado nos desfiles”, conta Louzada, que chegou a comprar um veludo importado no início dos preparativos para o carnaval e, ao procurar novamente a peça para cobrir outra escultura, não a encontrou mais.

“No carnaval da crise, os efeitos especiais vão ser substituídos pelos defeitos especiais”, brincou o carnavalesco, que vai contar a história do banho na Marquês de Sapucaí.



Garrafas pet
Na Mangueira, o carnavalesco Roberto Szaniecki diz que está fazendo substituições e “tocando o barco da melhor forma possível”. Segundo ele, a crise faz com que todos se aprimorem no quesito criatividade. No caso do barracão da verde e rosa, até materiais de reciclagem, como garrafas pet, estão sendo usados.

“É uma questão de criatividade. A qualidade pode ser mantida, basta usar mais massa encefálica”, diz Szaniecki, que vai levar para a Avenida o enredo “A Mangueira traz os Brasis do Brasil, mostrando a formação do povo brasileiro”.

Outra saída encontrada pela escola foi uma troca de materiais com o Império Serrano de Márcia Lage. Conversando, os carnavalescos das duas agremiações perceberam que poderiam fazer uma permuta de materiais de almoxarifado, como tecidos e artigos de acabamento.

Segundo Marcos Roza, pesquisador de enredos e diretor cultural da Liga das Escolas de Samba do Grupo de Acesso (Lesga), o mercado de fornecimento de material é restrito e, como grande parte dos artigos é importada, foi diretamente afetado pela crise.

“A procura foi grande e não tinha material para todas as escolas”, explicou. “A crise afetou a todos”.




No Grupo de Acesso A, faltam patrocínios e repasses atrasam
Para as escolas que vão buscar este ano um lugar ao sol na elite do carnaval, a crise também não perdoa. No Grupo de Acesso A, as agremiações têm que driblar ainda a escassez de recursos e o atraso no repasse de recursos oficiais, devido a entraves burocráticos. A saída em alguns casos vem sendo a reciclagem de materiais usados nos anos anteriores e até mudanças de planos no carnaval que será levado para a Avenida.

“Tivemos que tirar coisas que estavam projetadas por causa da falta de dinheiro”, diz o carnavalesco Fabio Ricardo, da Acadêmicos da Rocinha.

Da Prefeitura do Rio, as escolas do Grupo de Acesso A receberão um total de R$ 3 milhões, o equivalente a cerca de R$ 300 mil para cada uma das dez agremiações. Já no caso da verba repassada pelo estado para o carnaval, dos R$ 5 milhões já liberados, nenhum centavo foi destinado ainda às dez escolas conveniadas à Lesga.

Segundo a Secretaria estadual de Turismo, Esporte e Lazer, um problema com a abertura de uma conta de banco pela liga fez com que o dinheiro não pudesse ser repassado. O problema já foi solucionado, mas R$ 1 milhão que ainda falta ser distribuído, segundo a secretaria, vai ser dividido entre Lesga, Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) e a Associação das Escolas de Samba da Cidade do Rio, que reúne as demais escolas dos grupos de acesso.

“Os recursos estão chegando atrasados, num período muito próximo do carnaval. E são escassos, para o nível de espetáculo que a gente quer dar”, diz Edson Marcos de Andrade, diretor de carnaval da Lesga.

“Este carnaval está sendo muito difícil para todos nós. Essa crise mundial piorou e criou um cenário horrível”, diz Antonio Carlos Salomão, presidente da G.R.E.S. Renascer de Jacarepaguá. “Para se ter uma ideia, ano passado tivemos de cinco a seis patrocinadores. Esse ano não conseguimos nenhum patrocínio. Conseguimos firmar parcerias e tudo foi feito na amizade”.





Fonte: Globo
Data: 10/02/2009
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