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BC prevê crescimento econômico de 3,2% para 2009 com crise financeira

O Banco Central revisou nesta segunda-feira (22) a sua estimativa para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano de 5% para 5,6%. Para o ano de 2009 o BC previu uma desaceleração por conta da crise financeira internacional e o PIB deverá avançar 3,2%, informou a autoridade monetária por meio do relatório de inflação. É a primeira previsão que o BC faz para o próximo ano.



A previsão do Banco Central está acima da estimativa do mercado financeiro, para quem o PIB subirá apenas 2,5% no próximo ano. Também é superior à projeção da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que prevê um crescimento econômico de 2,4% para 2009. No orçamento do próximo ano, o Congresso estimou que o PIB avançará 3,5% - abaixo dos 4% propostos pelo governo.



A estimativa do BC também está abaixo da meta estipulada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que almeja um crescimento do PIB da ordem de 4% no próximo ano. Para tentar evitar uma desaceleração mais forte, Mantega lançou recentemente uma rodada de diminuição de impostos.



"A projeção para o crescimento do PIB em 2009 atinge 3,2%, desempenho que deverá ser sustentado, pelo quarto ano consecutivo, exclusivamente pela demanda interna. A projeção para a expansão anual do PIB considera a ocorrência de desempenho favorável em todos os setores da economia, mas em cenário de desaceleração generalizada, em relação a 2008 e 2007, nas respectivas taxas de crescimento", informa o Banco Central.

Setores econômicos

O BC informou que a taxa de crescimento do setor agropecuário está projetada em 0,2% para 2009, interrompendo, deste modo, a "trajetória crescente" registrada no triênio 2006-2008, quando o setor cresceu, em média, 5,7%. Para 2008, o crescimento previsto para este setor é de 6,7%.



"Essa desaceleração mostra-se compatível com a redução na demanda mundial por commodities agrícolas, em linha com a retração da renda e do comércio mundiais, bem como com os recuos projetados para safras importantes, afetadas por adversidades climáticas, em especial na Região Sul, e pelo ciclo bianual negativo da cultura do café", informou o BC.



O aumento da produção industrial em 2009, segundo o BC, foi estimado em 3,6% (contra 5,4% em 2008), sustentado pelo dinamismo das indústrias extrativa mineral, 5,2%; e da construção civil, 4,3%, esta beneficiada pelas novas linhas de financiamento imobiliário e pelos investimentos, principalmente governamentais, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), informou o BC.



Segundo o Banco Central, a desaceleração do setor de Serviços deverá ser "menos acentuada" do que as observadas nos outros setores. De acordo com a autoridade monetária, a expansão anual para este segmento, projetada, em 3,1% para 2009 (contra 5% neste ano), incorpora desempenhos favoráveis, em especial, nos subsetores instituições financeiras, comércio e transportes.



No caso da demanda interna, informou o BC, esta seguirá em 2009, a exemplo do observado de 2006 a 2008, sustentando o nível da atividade da economia, projetando-se que sua contribuição para o crescimento do PIB, no ano, atinja 3,7 pontos percentuais (contra 7,9 pp neste ano), traduzindo elevações de 4,4% na formação bruta de capital fixo (investimentos); de 3,9% consumo das famílias; e de 2,2% no consumo do governo.

Inflação

No relatório de inflação, o Banco Central também previu que os preços crescerão mais neste ano, mas menos em 2009. Para o ano de 2010, para o qual não havia previsões até o momento, a autoridade monetária estima que a inflação continuará em queda.



O Banco Central utiliza dois cenários para projetar a inflação: o de referência (no qual a taxa de juros é mantida estável em 13,75% ao ano no horizonte de projeção e o câmbio permanece em R$ 2,40 por dólar) e o de mercado (que pressupõe redução dos juros para 13% ao ano no fim de 2009 e 11,75% ao ano no fim de 2010; e câmbio em R$ 2,20 no fim do próximo ano e de 2010).



No chamado "cenário de referência", a projeção do Banco Central para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 6,1%, no último relatório de inflação divulgado em setembro, para 6,2% em 2008. Mas, para 2009, recuou de 4,8% para 4,7%. E, para 2010, a estimativa do BC neste cenário, divulgada pela primeira vez nesta sexta-feira, é de 4,2%, ou seja, abaixo do projetado para o ano que vem.



Já no "cenário de mercado", que utiliza as projeções dos economistas do mercado financeiro para juros e câmbio no futuro, a projeção para o IPCA deste ano subiu de 6%, no relatório divulgado em setembro, para 6,2%. Entretanto, caiu de 4,7% para 4,5% em 2009 e, para 2010, a previsão foi fixada em 4,3%.

Metas de inflação

No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação, pelo qual o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central tem de calibrar a taxa de juros para atingir uma meta pré-determinada com base no IPCA.



Para este ano, e para 2009, a meta central de inflação é de 4,50%. Entretanto, há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Com isso, o IPCA pode ficar entre 2,50% e 6,50% sem que a meta seja formalmente descumprida.



Deste modo, a previsão do BC, para 2009, está um pouco acima da meta (4,7%) no cenário de referência, mas está exatamente em cima da meta central de 4,50% no cenário de mercado. Para 2010, está abaixo da meta central em ambos os cenários.



Para o ano de 2008, o BC informou que a probabilidade de o IPCA ficar acima do teto de 6,50% do sistema de metas de inflação é de 11% no cenário de referência e de 9% no cenário de mercado.



Fonte: GLobo
Data: 22/12/2008
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